Cientistas provam que novo coronavírus evoluiu naturalmente (Foto: Divulgação) |
Análise
do genoma do vírus mostra que não é possível que o agente causador da Covid-19
tenha sido produzido em laboratório ou manipulado de outra forma
REDAÇÃO GALILEU
18 MAR 2020 - 12H56 ATUALIZADO
EM 18 MAR 2020 - 12H56
O novo coronavírus SARS-CoV-2
surgiu como resultado de uma evolução natural,
segundo um artigo publicado na Nature Medicine. A análise de dados públicos da
sequência do genoma do vírus causador da Covid-19 comprovou
que o organismo não foi produzido em laboratório ou manipulado de outra forma.
"Ao comparar os dados
disponíveis da sequência do genoma para cepas conhecidas de outros coronavírus,
pudemos determinar firmemente que o SARS-CoV-2 se originou a partir de processos
naturais", disse Kristian Andersen, um dos autores do estudo, em comunicado.
Os cientistas
analisaram o modelo genético de proteínas spike, um tipo de "espinho" que fica do lado
de fora do vírus e é usado para agarrar e penetrar nas paredes externas das
células de humanos e animais. Mais especificamente, a equipe se concentrou em
duas características importantes da proteína spike: o domínio de ligação ao receptor (RBD, na sigla
em inglês), espécie de "gancho" que prende as células hospedeiras ao
organismo, e o local da clivagem, que funciona como um "abridor de
latas" molecular, permitindo que o vírus se abra e entre nas células
hospedeiras.
Os cientistas descobriram que o RBD das proteínas spike do SARS-CoV-2 evoluiu para atingir o ACE2,
um receptor localizado no exterior das células humanas envolvido na regulação
da pressão arterial. Segundo a equipe, a proteína é tão eficaz na ligação com
as células humanas que ela só pode ser resultado da evolução natural.
Essa evidência é apoiada por
dados da "espinha dorsal" do SARS-CoV-2 — sua estrutura
molecular geral. Para os especialistas, se alguém estivesse tentando projetar
um novo coronavírus como
patógeno, ele o teria construído a partir da espinha dorsal de um vírus já
conhecido por causar doenças. O novo coronavírus,
entretanto, difere substancialmente dos microrganismos já conhecidos — e
se assemelha principalmente a vírus encontrados em morcegos e pangolins. "Essas duas características do vírus, as mutações na porção RBD da
proteína spike e sua
espinha dorsal distinta descartam a manipulação de laboratório como uma origem
potencial para o SARS-CoV-2", afirmou Andersen.
A
origem do novo coronavírus
Com base em sua análise de sequenciamento genético, Andersen e seus
colaboradores concluíram que há dois cenários possíveis que explicam as origens
do SARS-CoV-2. No primeiro, o vírus evoluiu para seu estado patogênico
atual por meio da seleção natural de
um hospedeiro não humano e, então, pulou para os seres humanos. No outro
cenário, uma versão não patogênica do vírus saltou de um hospedeiro animal para
o homem e depois evoluiu para seu estado patogênico atual na população humana.
Por enquanto, os
especialistas dizem que é difícil determinar como, de fato, o novo coronavírus surgiu.
Ainda assim, descobrir que ele é resultado da evolução natural é muito
importante "para trazer uma visão baseada em evidências aos rumores que
circulam sobre as origens do vírus (SARS-CoV -2) causandor da Covid-19",
disse Josie Golding, coautora do estudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário