Ariana da Silva e a banca de avaliação durante a defesa de doutorado na UFPA |
A
Profa. Dra. Ariana Kelly LS da Silva, Bioantropóloga, desenvolveu a pesquisa de
tese intitulada: “A Doença Falciforme na Amazônia: As Intersecções entre Identidade de
Cor e Ancestralidade Genômica no Contexto Paraense”, no Programa de Pós-Graduação
em Antropologia, Universidade Federal do Pará – UFPA/PPGA, sob orientação do
Prof. Dr. Hilton P da Silva (PPGA/UFPA) e Coorientação do Prof. Dr. João Farias
Guerreiro, do Laboratório de Genética Humana e Médica (LGHM/UFPA). Ariana
defendeu o doutorado no dia 13 de março de 2018. A tese é formada por 04
artigos científicos, 03 deles já publicados (em Língua Portuguesa/Links anexados
abaixo) e 01 em fase de edição (na Língua Inglesa), o último foi desenvolvido
durante os 06 meses em que foi Bolsista/Scholarship do Programa de Doutorado Sanduíche
no Exterior – PDSE/CAPES, com estágio desenvolvido na University of South
Florida – USF, no Applied Biocultural Laboratories, Graduate Program in Anthropology,
na cidade de Tampa, Flórida, Estados Unidos, tendo como Orientadora a Profa.
Dra. Lorena Madrigal, Coordenadora de Antropologia Biológica da USF. Além disso,
Ariana produziu um vídeo sobre alguns dos resultados da tese, sintetizando
algumas impressões dos participantes da pesquisa sobre a Doença Falciforme,
Racismo e os laudos de Ancestralidade Genômica entregues na ocasião da pesquisa
de campo, que segue anexado. O resumo da tese e os respectivos links seguem
abaixo.
Silva, Ariana K L S. A
Doença Falciforme na Amazônia: As Intersecções entre Identidade de Cor e
Ancestralidade Genômica no Contexto Paraense. 2018. 139p. Tese de Doutorado, Área
de Concentração em Bioantropologia.
Ariana Kelly Leandra Silva da Silva
Resumo
A
Doença Falciforme (DF) é a síndrome genética mais prevalente em todo o mundo.
Na Amazônia, Estado do Pará, o grupo com a hemoglobina mutante Hb S (grupo homozigoto Hb SS) representa cerca de 1% da população, que convive com desafios em
relação ao acesso aos serviços de saúde pública, à vulnerabilidade biossocial,
aos estigmas relacionados à “Raça/Cor” dos indivíduos e às manifestações
clínicas severas e de difícil tratamento da DF. Pesquisamos as categorias
biológicas (genéticas) e culturais (raça/cor) de pessoas diagnosticadas com a
doença, confrontando as intersecções (conexões) entre a Identidade Social de
Raça/Cor e a Ancestralidade Genômica (AG) analisando a condição biocultural dos
sujeitos, com histórias de vida que englobam a questão genética e o racismo em
torno da doença. Investigamos 60 pessoas com Hb SS no Estado do Pará. Foram coletadas amostras de sangue na
Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará (Hemopa/Belém) e
realizados testes de Ancestralidade Genômica autossômica no Laboratório de
Genética Humana e Médica (LGHM) da Universidade Federal do Pará (UFPA) onde
usamos 62 Marcadores Informativos de
Ancestralidade (AIMs) via PCR multiplex no sequenciador ABI Prism 3130 e
software v.3.2 GeneMapper ID. Simultaneamente, foi realizada pesquisa de
campo de caráter etnográfico com entrevistas semiestruturadas com os mesmos
indivíduos, após a entrega do resultado do teste de AG. A formatação da pesquisa
seguiu um Texto Integrador com quatro (04) artigos científicos publicados ou em
fase de publicação/edição. O primeiro artigo descreve a epidemiologia da DF no
Pará, referido como a Introdução da
tese. O segundo artigo trata sobre os preconceitos e os determinantes sociais
da saúde vivenciados por pessoas com DF, sendo considerado o Problema a ser investigado. O terceiro
artigo demonstra as questões de renda, cor e qualidade de vida dos indivíduos
pesquisados. O quarto artigo aborda as manifestações clínicas da DF e as
intersecções entre a Identidade de Raça/Cor e a Ancestralidade Genômica dos
participantes da pesquisa. Os dois últimos artigos são parte dos Resultados dessa investigação. O estudo
foi embasado na identificação do processo de racialização da DF como um
Determinante Social da Saúde (DSS), considerando que esta comporta elementos
biológicos e socioculturais, sendo ainda concebida como uma “doença que vem do
negro” na Amazônia, e o fato de haver ainda poucas pesquisas sobre doenças
genéticas na Amazônia. Concluímos que é importante analisar os padrões
epidemiológicos da população brasileira partindo de suas características
étnicorraciais devido à presença africana, europeia e indígena marcantes na
Região Amazônica, em especial, em grupos com uma doença crônica, com a DF. Além
disso, evidenciamos que as manifestações clínicas da DF podem ser mensuradas de
acordo com os dados de ancestralidade genômica e autodeclaração de raça/cor em
se tratando de diferenças que envolvem o aDNA, o gênero/sexo, a idade e a renda
familiar, todavia, apenas o status socioeconômico e as características de
ascendência genética não conseguem responder sobre a heterogeneidade da
sintomalogia da DF e devem ser levados à análise de polimorfismos associados a
esses eventos.
Palavras-Chave:
Doença Falciforme; Amazônia; Raça; Cor; Ancestralidade Genômica; Identidade
Social/Cultural.
Artigos, Vídeo e Links:
Artigo
1: O Contexto Epidemiológico e Biossocial da Doença Falciforme no Pará, Amazônia,
Brasil.
Artigo 2: Doença
Falciforme, Preconceito Linguístico e Sociorracial: A Desinformação como Determinante
Social da Saúde no Estado do Pará, Amazônia.
Artigo 3: Renda e Cor de Pessoas com Anemia Falciforme Atendidas
na Fundação Hemopa, Pará, Amazônia, Brasil: Realidade e Perspectivas.
Vídeo
no You Tube: Sickle Cell Disease in Amazon. Entrevistas em Português e Legenda em
Inglês. Roteiro: Ariana da Silva. Edição: Roseane Tavares. Tradução: Lígia
Filgueiras.
Link: https://youtu.be/-HMgFwJi7P4.